Apresentação

O cinema de animação baseia-se no princípio da persistência visual, ou persistência retiniana, tratando-se de um fenómeno ou ilusão, segundo o qual, quando a luz atinge a retina, a imagem formada persiste durante algumas frações de segundo. A ilusão de movimento, ou seja, a animação, é dada pela reprodução rápida das imagens estáticas, em posições ligeiramente diferentes umas das outras, sendo que o número de imagens por segundo deve ser superior a 16. Ao serem alternadas ou sequenciadas rapidamente, o nosso cérebro não as consegue distinguir, ficando com uma mescla que cria a ilusão de movimento. Ao tomarem consciência deste processo, os alunos percebem como se cria o movimento no cinema e em televisão. Convém referir, no entanto, que existem atualmente outras explicações que comprovam que o conceito de persistência da visão não é assim tão linear, sendo a ilusão de movimento explicada pelos conceitos de movimento beta e movimento phi. Apesar disso, o conceito de persistência visual continua a ser usado no cinema.

A animação terá surgido com as sombras chinesas, no ano 121, tendo mais tarde um desenvolvimento importante com o aparecimento de alguns brinquedos óticos: o Taumatrópio em 1824, o Fenaquistiscópio, por volta de 1830, o Zootropo em 1834 e o Folioscópio em 1868. Em 1877, Émile Reynaud criou o Praxinoscópio e em 1892 apresentou o primeiro filme de desenhos animados, através do teatro ótico¹, também criado por si. Hoje em dia popularizou-se a expressão “animação stop-motion”, ou seja, animação de algo parado. Esta técnica cinematográfica está presente, tanto nas grandes produções de Hollywood como em vídeos amadores espalhados pelo Youtube.

Durante muito tempo, o cinema de animação foi mais virado para o público infantil. Atualmente faz-se cinema de animação para todo o tipo de públicos, para além de a animação se poder manifestar de diversas formas, como por exemplo: a inclusão de pequenas cenas de desenho animado num filme, dando ao espetador a sensação de que se está a entrar num sonho ou numa memória (ex.: The Tale of The Three Brothers no filme Harry Potter and the Deathly Hallows – Part 1²); a inclusão de um ou mais bonecos animados, misturados com personagens "de carne e osso" (ex.: Quem tramou Roger Rabbit³ ) ou mais recentemente Avatar⁴, recorrendo a técnicas e efeitos muito mais avançados de animação digital, e as manipulações e efeitos especiais que retiram qualquer limite aos personagens, permitindo-lhes voarem, transformarem-se, desaparecerem ou aparecerem, etc. A introdução da animação no cinema permite a exploração da ficção a um nível mais avançado, inventando possibilidades descabidas, surreais ou mágicas. O impossível deixou de existir no âmbito do cinema.

Contudo, não é pretensão deste manual transformar a escola num avançado estúdio de cinema, recheado de tecnologia mas, sim, dar uma ideia daquilo que é possível fazer, começando pela execução de técnicas simples e possíveis de fazer numa escola, mesmo que esta tenha poucos recursos em termos de materiais e equipamentos.

Pretende-se levar a realização de cinema às escolas, sobretudo em atividades extracurriculares (ateliês, clubes, etc.), mas também nas disciplinas de Educação Visual, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) ou Matemática, Português, entre outras, em que se possam utilizar estes conhecimentos para o enriquecimento das atividades curriculares, através da utilização de novas técnicas de ensino e formas alternativas de aprendizagem.

Todas as atividades são apenas sugestões cujo limite é a imaginação e criatividade de quem as executa, podendo por isso, ser modificadas e adaptadas à faixa etária dos alunos e ao objetivo do trabalho, tornando-as mais simples ou mais complexas.